Nutrição é um processo biológico em que o homem, utilizando-se de alimentos, assimila nutrientes para a realização de suas funções vitais.
Quando ele não sabe bem como fazer isso, é ao nutricionisca que ele recorre.
É importante salientar que o Blog visa como caráter informativo e que para um tratamento adequado, é preciso consultar um nutricionista para um tratamento personalizado.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Microbiota saudável pode prevenir obesidade e diabetes tipo 2

Estudos recentes apontam os possíveis benefícios de manter uma boa flora intestinal


Estudos publicados recentemente vêm chamando a atenção da comunidade científica para a possibilidade de nossa flora intestinal influenciar de alguma maneira em alterações metabólicas capazes de facilitar o desenvolvimento do diabetes tipo 2 e da obesidade. Já se sabe, após publicação de vários trabalhos científicos, que nossa flora intestinal é capaz de influenciar a eficiência do sistema imunológico, a absorção do colesterol, a regulação do funcionamento intestinal, além de produzir vitaminas importantes e de nos proteger do câncer do intestino. Um estudo recente feito em ratos mostrou que o transplante da flora intestinal de ratos obesos para o intestino de ratos com peso normal fez com que os mesmos ganhassem peso. No mesmo estudo o transplante da flora intestinal dos ratos magros para o intestino dos ratos obesos fez estes perderem peso. No mínimo intrigante, não é mesmo? Nosso intestino é colonizado por aproximadamente 100 trilhões de microscópicos seres como bactérias e fungos, conhecidos como microorganismos e seu habitat de microbiota intestinal. Só para fazer uma comparação, temos mais microorganismos morando em nosso intestino que o total de células somadas do corpo todo. Existem alguns autores de estudos que comparam nosso intestino, e sua microbiota, à um "segundo" cérebro, tamanha sua influência em todo o organismo.  
Outros estudos, também recentes, mostraram que nossa flora intestinal, quando saudável, produz substâncias que influenciam na ação do hormônio insulina. O esperado é que a insulina tenha a sua ação preservada, ou seja, conseguir "jogar" para "dentro" das células a glicose que está circulando no sangue para que as elas à utilizem como um combustível para gerar energia. Quando esta ação da insulina está alterada, quadro este chamado de resistência à insulina, a sobra da glicose sanguínea que não foi utilizada pelas células gera o aumento do tecido adiposo que é um reservatório de combustível não utilizado pelo organismo e consequentemente o ganho de peso e a tendência ao desenvolvimento do diabetes tipo 2 ficam evidentes. Pode ser que a flora intestinal influencie neste eixo, ou seja, quando desequilibrada (disbiose) dificulte a ação da insulina. Porém, muitos estudos ainda deverão ser feitos para elucidar melhor esta interação. 
É importante frisar que fatores ambientais podem influenciar diretamente o equilíbrio da flora intestinal, como idade, uso de medicamentos (antibióticos), alimentação, estresse, agrotóxicos, pH intestinal, entre outros. Consideramos equilíbrio quando a flora intestinal é composta na sua maior parte por bactérias benéficas, existindo vários tipos de lactobacilos que fazem parte deste time: Bifidobacterium, Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus rhamnosus, entre outros. 
Quanto à questão alimentar a presença das fibras no prato é fundamental, pois estas promovem o desenvolvimento da flora intestinal saudável, servindo como "comida" para as boas bactérias se desenvolverem. As fibras estão nas cascas das frutas, nos cereais integrais (pães, arroz, aveia), nas leguminosas (feijões, soja, grão-de-bico, ervilha, lentilha ) e nos vegetais folhosos ( alface, rúcula, agrião, couve, entre outros). Cebola, alho, banana e tomate também carregam substâncias ( frutooligosacarides ) que estimulam o desenvolvimento de uma microbiota saudável. Existem também alimentos que trazem consigo os próprios probióticos (lactobacilos), como é o caso dos iogurtes, kefir, chucrute (repolho fermentado), tempeh (produto da soja fermentada) e leite fermentado. O problema é que a acidez do estômago acaba dificultando a sobrevivência destes lactobacilos presentes ou acrescentados nos alimentos, já que os mesmos não resistem ao pH muito baixo do estômago, chegando a maior parte incapazes de se proliferarem no intestino. 
Uma estratégia utilizada hoje é a prescrição de lactobacilos na forma liofilizada ou até dentro de cápsulas, ficando protegidos da acidez excessiva do estômago e chegando ao intestino com mais chance de se desenvolverem, ajudando na manutenção ou no restabelecimento da flora saudável, caso tenha havido algum fator lesivo para a mesma, como quando há o uso de antibióticos para tratamento de infecções. Durante quadros de diarreias, principalmente as virais, a prescrição de probióticos como Saccharomyces boulardii ajuda a diminuir o número de evacuações e a recuperar a flora intestinal lesada. Porém, é importante fazer uso de suplemento de probióticos somente após a avaliação de um profissional especializado ( médicos e nutricionistas ) , pois o uso contínuo destes pode trazer risco de excesso de crescimento destas bactérias que, mesmo sendo benéficas, podem levar à uma fermentação excessiva dos alimentos que chegam ao intestino levando a sensação de estufamento da barriga, cólicas, dores abdominais e até mesmo diarreia. Pacientes com doenças que causam imunodeficiência grave só devem usar suplementos de probióticos com orientação médica, pois são contraindicados em alguns casos. 
Ficamos no aguardo de mais estudos sobre a intrigante correlação da flora intestinal com a obesidade e o diabetes do tipo 2. Enquanto isto vale a pena cuidarmos do nosso intestino com atenção, mantendo uma alimentação correta em fibras, dando preferência aos alimentos livres de agrotóxicos, orgânicos, e evitando o uso indiscriminado de antibióticos sem real necessidade. A prevenção sempre será o melhor remédio! 
Fonte: Minha Vida

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