Os energéticos, bastante consumidos por jovens em festas, podem levar a problemas no coração, diz estudo apresentado durante o Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, que acontece em Barcelona até quarta-feira. Segundo o autor da pesquisa, o professor Milou-Daniel Drici, da Faculdade de Medicina de Nice, na França, o consumo em excesso dessas bebidas pode “levar a condições adversas incluindo angina, arritmia cardíaca e até mesmo morte súbita”.
— Cerca de 96% dessas bebidas possuem cafeína, com uma lata típica de 250 mililitros contendo o equivalente a dois cafés expressos. A cafeína é um dos mais potentes estimulantes dos receptores de rianodina e leva a uma grande liberação de cálcio dentro das células cardíacas. Isso pode causar arritmias, mas também tem efeitos sobre a capacidade do coração de se contrair e usar oxigênio — afirma Drici.
O estudo analisou diversos casos associados ao consumo de energéticos entre janeiro de 2009 e novembro de 2012 e contou com a participação de 15 especialistas, incluindo cardiologistas, psiquiatras, neurologistas e fisiologistas. Durante o período, foram reportados 257 casos, sendo que 212 forneceram informações suficientes para análise.
Os especialistas informaram que, dos casos reportados, 95 apresentaram sintomas cardiovasculares, 74, psiquiátricos; e 57, neurológicos, com sobreposição em alguns. Paradas cardíacas ou mortes inexplicadas aconteceram em ao menos 8 dos casos, enquanto 46 pessoas apresentaram arritmia, 13 tinham angina e 3, hipertensão.
— Nós encontramos que a síndrome da cafeína era o problema mais comum, acontecendo em 60 pessoas. Ela é caracterizada por taquicardia, tremores, ansiedade e dor de cabeça — diz Drici. — Eventos raros, mas severos, também foram associados a essas bebidas, como morte súbita, arritmia e parada cardíaca.
O médico recomenda que pessoas que já apresentam algum problema no coração devem evitar o consumo de energéticos, pois a cafeína pode “exacerbar a condição com consequências fatais”. Drici também alerta sobre o risco de consumo dessas bebidas durante exercícios físicos ou misturadas com álcool.
— O público precisa saber que os energéticos não devem ser consumidos durante ou após exercícios físicos, como outras bebidas desenvolvidas para esse propósito — diz Drici. — Quando usados em coquetéis alcoólicos, a cafeína das bebidas energéticas permitem que os jovens superem os efeitos negativos do álcool, levando a um consumo ainda maior de cafeína.
Drici também sugere que os médicos alertem pacientes com doenças cardíacas sobre o risco potencial dessas bebidas:
— Os pacientes raramente mencionam o consumo de bebidas energéticas aos médicos, a não ser que sejam questionados.
Fonte: INGR
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