É possível relaxar na alimentação em um ou dois momentos, mas não o dia inteiro.
O início de dieta é seguido por certa dose de angústia ou apreensão. Ao longo dos últimos anos, as dietas passaram a ser sinônimos de privação e restrição. É como se de repente, todos os alimentos prediletos fossem trocados por alface. Nesse momento, tudo que todos querem saber é quando poderão sair da dieta e ter o dia livre ou "dia de lixo".
Antes de falar sobre o dia livre é preciso entrar em campo para defender a dieta. O termo dieta refere-se aos hábitos alimentares individuais. A orientação alimentar não tem a pretensão de mudar hábitos alimentares das pessoas, mas adequá-los de acordo com objetivos e necessidades. Quando uma pessoa precisa perder peso seus hábitos devem ser revistos e adequados de forma a criar um desequilíbrio calórico, ou seja, comer menos do que gasta. Isso não deve significar abrir mão de seus prazeres ou começar a comer coisas que não gosta.
É evidente que a alimentação saudável é pautada por um conjunto de elementos. Presa por adequação dos carboidratos, nossa principal fonte de energia e necessária em todas as refeições. Elege as carnes brancas como as melhores proteínas, mas não descarta as carnes vermelhas. Não abre mão dos laticínios magros e impõe a importância das frutas, verduras e legumes. Em nenhum momento despreza o açúcar a gordura, prega por equilíbrio. A partir desse conhecimento deve-se moldar um plano alimentar que se adeque às necessidades individuais. Nada imposto, nada proibido, tudo medido e planejado.
Profissionais envolvidos na educação alimentar sabem que o discurso é muito mais simples que a prática. Equilibrar o consumo é muito mais desafiador do que ficar sem comer. O controle das porções depende do humor, requer percepção de fome e saciedade e envolve hábitos socioculturais. A compreensão de toda essa complexidade gera a necessidade de criar métodos que ajudem as pessoas a alcançar as metas de peso e saúde. Um dos métodos mais utilizados é a definição de dias específicos para a conhecida "saidinha da dieta".
É comum encontrar pessoas que já fizeram várias tentativas emagrecedoras mal sucedidas. Na maior parte das vezes, seguiram dietas restritivas que causam rápida perda de peso inicial, mas com recuperação imediata. Todo esse histórico de fracasso gera insegurança ao iniciar novo tratamento, principalmente quando a proposta é comer todos os grupos alimentares, sem restrição do tipo de alimento, mas com controle das porções. Nesse contexto, definir regras alimentares tem como meta facilitar o início do tratamento, e aos poucos gerar autonomias nas escolhas e distribuição dos alimentos mais calóricos, erroneamente conhecidos como errados ou proibidos.
O ideal é programar para os finais de semana esse momento de descontração alimentar. São momentos em que as escolhas ficam mais livres, normalmente alimentos, que mesmo em pequenas porções, apresentam maior densidade calórica, e por isso, não devem ser consumidos no cotidiano. Podem ser massas como lasanha e pizzas, feijoadas, sobremesas mais elaboradas, sorvetes e outros.
Ainda que liberados, há de se ter alguns cuidados. O organismo humano que passa por processo de privação calórica tende a facilitar os estoques em situações de exageros. Isso significa que é preciso definir uma ou duas refeições para esses momentos. A história de "dia de lixo", ou seja, todas as refeições livres comprometem o emagrecimento, podendo até causar ganho de peso. Por isso, as escolhas podem ser livres, mas as porções precisam ser controladas. Tudo bem comer pizza, mas nem pensar em ultrapassar as 3 fatias!
Ao longo da semana, pequenos deslizes podem ocorrer sem riscos à saúde e sem comprometer o peso. É importante lembrar que o conceito de alimento bom ou ruim à saúde só existe em dietas desequilibradas e quando as porções são exageradas. A ciência nutricional tem como principal objetivo balancear os nutrientes e adequá-los à dieta, em seu conceito mais genuíno para cada indivíduo. Comer alimentos não tão nutritivos, mas absolutamente saborosos deve fazer parte da alimentação cotidiana de todos. O prazer com alimento também participa do entendimento amplo e complexo de saúde. Aprender a controlar as porções é de fato um desafio, mas talvez essa seja a chave para o alcance do peso ideal de forma segura e sua manutenção ao longo da vida. Vale o investimento!
Fonte: Minha Vida