A Semana Mundial de Aleitamento Materno terminou no dia 8 de agosto. Com o objetivo de ressaltar a importância da amamentação, a data foi celebrada mundialmente com adesão de mais de 170 países, incluindo o Brasil.
Além de estreitar a relação mãe e bebê, o aleitamento materno tem várias outras funções. O leite humano possui vitaminas, minerais, proteínas, gorduras e açúcares em níveis adequados ao organismo do recém-nascido. Ao amamentar, as mães também protegem seus filhos de possíveis doenças, como diarreia, pneumonia, alergias e infecções. Além disso, o aleitamento materno diminui a incidência de morte súbita e o risco de obesidade infantil. Para bebês prematuros, é ainda mais importante, pois previne infecções intestinais, que são extremamente comuns nessas crianças.
O ideal é que as mães alimentem os bebês exclusivamente com leite materno até o sexto mês. Depois desse período, outros alimentos começam a ser incorporados à dieta da criança, mas o aleitamento materno deve continuar. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que as mães mantenham a amamentação até a criança completar dois anos de idade.
Fissuras e fortes dores
Apesar de todos os benefícios trazidos pelo aleitamento materno, muitas mulheres têm dificuldades e sofrem durante o período de amamentação. É o caso da contadora Lidiane Zaina Fernandes, 31, que precisou do auxílio da equipe do Banco de Leite da Maternidade Leonor Mendes de Barros para aprender como amamentar corretamente seu filho Gustavo, hoje com três meses de idade.
“No começo foi uma experiência difícil. Eu não consegui amamentar meu filho logo que ele nasceu, pois teve icterícia e precisou ficar no berçário. Só quando o Gustavo já estava saindo do hospital é que foi possível dar de mamar pela primeira vez e não era algo natural”, explica Lidiane que teve fissuras na mama e sentia fortes dores ao dar o peito para o filho.
A contadora foi instruída a usar um bico de silicone, mas isso não ajudou. Para tentar melhorar a experiência da amamentação para ela e seu bebê, buscou ajuda do Banco de Leite que a ensinou a maneira correta de amamentar. Foi então que tudo mudou. “Os profissionais de lá me mostraram que o problema era que a pega do bico do seio estava errada. Depois que aprendi como deveria ser a pega correta, meu filho começou a mamar bem melhor. Só aí tive prazer em amamentar”, complementa.
Mesmo depois de corrigir a pega, se a fissura persistir por algum tempo, as mães não devem usar pomadas ou outros “truques” populares - como passar casca de banana ou mamão no local – para acelerar a cicatrização. É recomendado usar o próprio leite materno antes e depois da mamada para hidratar a região machucada e auxiliar no processo.
Pega errada
Apesar de Lidiane não ter pensado em desistir em nenhum momento, muitas mães que passam por situações parecidas chegam a cogitar a hipótese. Para evitar problemas na amamentação, é preciso, antes de tudo, aprender a fazer a pega adequada, ou seja, certificar-se que o bebê está abocanhando o peito de maneira correta. Para isso, é preciso encaixar o peito na posição indicada e observar o bebê, principalmente na fase inicial do aleitamento.
Existem diferentes posições, tanto da mãe quanto do bebê, para que a amamentação ocorra naturalmente, mas o mais importante é que a boca do recém-nascido fique bem aberta (formato de boca de peixinho), lábios virados para fora, bochecha redonda, queixo encostado no peito e a língua deve envolver o bico.
“O sucesso da amamentação está exatamente nas primeiras mamadas. Se o bebê pegar adequadamente, não vai machucar e a mãe terá sucesso na amamentação. Se ele pegar o bico do seio de uma forma errada, vai machucar e fica complicado mesmo. A criança tem que abocanhar bem a parte marrom do peito, a aréola. Quanto maior é a pega, maior é a eficiência de sucção. Se a boquinha dela escorrega e pega só no bico, a sucção não acontece corretamente e vai acabar machucando a região”, explica o pediatra da Maternidade Pro Matre, Francisco Dutra.
Caso a pega não aconteça da maneira certa no início da amamentação, é possível corrigir para que mãe e filho consigam extrair o melhor dessa experiência. “Se a mãe, logo nos primeiros dias, começar a ter desconforto, fissuras, e perceber que o bebê está muito irritado e que o leite não está saciando, o melhor a fazer é procurar um banco de leite para corrigir essa amamentação”, afirma Renata Oliveira Giesta, supervisora do Banco de Leite do Banco de Leite da Maternidade Leonor Mendes de Barros.
Insegurança
A insegurança foi a grande inimiga da administradora Simone Campos Zanin. Ela teve dificuldades no início da amamentação justamente por não saber se o que estava fazendo era o correto. “Amamentar foi muito gratificante e emocionante. No começo, eu me senti insegura e também tive um pouco de dor, mas depois, quando percebi que estava tudo certo, fiquei realizada. Não há coisa melhor no mundo do que poder amamentar um filho. A relação entre mãe e filho fica muito mais íntima”, conta sobre o laço que desenvolveu com o filho.
Mulheres que passam pela mesma situação, podem conversar com o pediatra para analisar se a criança está ganhando peso e está saudável. Em caso negativo, o médico pode orientar e auxiliar na solução do problema.
Atualmente o filho de Simone, Matheus, tem três anos e ela já está pronta para mais uma fase como mãe: tem uma filha a caminho. “Estou mais segura agora. Espero que experiência seja igual ou melhor do que a primeira”, complementa.
Chupeta
Muito usada para acalmar os bebês em momentos de estresse, a chupeta pode interferir de maneira negativa no processo de amamentação, atrapalhando os horários da mamada.
Se o bebê não mamar com regularidade, a mãe pode ter problemas como ingurgitamento mamário, que nada mais é do que o excesso de leite nas mamas popularmente chamado de “leite empedrado”. Para que isso não aconteça, evite oferecer a chupeta para o bebê muito próximo do horário da amamentação.
Mama cheia e mastite
Em alguns casos, o leite pode acumular demais nas mamas - seja pelo uso da chupeta em horários inadequados ou outros fatores - e causar fortes dores no local e febre. Se isso acontecer, a mulher pode estar com mastite, que é a inflamação das glândulas mamárias. O indicado é procurar um médico para dar início ao tratamento adequado.
Se as mamas estiverem doloridas, mas não houver febre, é possível tentar esvaziar o leite acumulado através da ordenha. A mãe deve massagear o seio com a ponta dos dedos, partindo da região da aréola, apoiando o peito com a outra mão. Caso o procedimento seja feito manualmente, é preciso colocar o polegar e o indicador nas extremidades da parte marrom do seio e comprimir a área. Além da ordenha manual, existem aparelhos que ajudam a retirar o leite da mama.
O leite retirado pode ser armazenado – em um recipiente com tampa higienizado – para ser doado ou utilizado posteriormente. Ele pode ser consumido em até 24 horas, se estiver refrigerado, ou em até 30 dias, se for congelado.
Algumas mulheres deixam cair água quente no chuveiro ou colocam bolsa térmica nas mamas para amenizar o problema da mama muito cheia, mas essas atitudes são desaconselhadas. Aquecer o local faz com que a produção de leite seja ainda maior e, consequentemente, o acúmulo também.
Fonte: Instituto Geralda Rodrigues
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