A
alergia alimentar é uma reação anormal do nosso organismo a alguma
proteína presente na comida. O problema ocorre quando o corpo identifica
como uma ameaça substâncias que, na verdade, não causam doenças,
iniciando uma resposta imune para combatê-las.
Segundo uma revisão de estudos publicada em 2008 no periódico CurrentOpinion in Pediatrics,
leite de vaca, soja, amendoim, ovo, castanhas, trigo, peixes e frutos
do mar são os alimentos responsáveis por 90% das alergias.
Em
contato com o agente agressor, o organismo cria um processo
inflamatório que produz quantidades excessivas de anticorpos do tipo
IgE. As reações mais comuns desencadeadas pelos anticorpos acontecem na
pele e se manifestam como coceiras, urticária (manchas vermelhas na
pele) e angioedema (inchaço das partes moles). Também podem aparecer
sintomas gastrointestinais, como vômito, dor abdominal e diarreia ou
sintomas respiratórios, caracterizados por coceira no nariz, espirro,
tosse, falta de ar e chiado no peito.
Ariana
Yang, diretora da Regional São Paulo da Associação Brasileira de
Alergia e Imunologia (Asbai), explica que quando há manifestação clínica
de reação alérgica em dois sistemas simultaneamente, por exemplo,
urticária e vômito, isso é considerada uma reação grave ou anafilática e
exige uma ida ao hospital ou a aplicação de adrenalina. "Os sintomas
respiratórios também são um alerta para uma reação alérgica grave, pois
não são comuns em alergias alimentares, e demandam uma ação imediata".
"As
alergias alimentares da infância tendem a desaparecer conforme a
criança cresce. Já aquelas que aparecem na fase adulta tendem a ser mais
graves e irreversíveis", afirma o nutrólogo Celso Cukier, presidente do
Instituto de Metabolismo e Nutrição.
De
acordo com Cukier, o único modo de saber se uma pessoa é alérgica a um
alimento é observar os sintomas que manifestados quando a comida é
ingerida. Exames sanguíneos que apontam alimentos aos quais uma pessoa
pode ter sensibilidade são dispensáveis, pois não indicam que,
necessariamente, o indivíduo desenvolverá uma alergia. "Nosso corpo tem
mecanismos de defesa, principalmente no trato gastrintestinal, que
impedem a penetração do agente alérgeno", diz.
A
melhor forma de tratar uma alergia alimentar é, uma vez constatado o
quadro alérgico, não voltar a ingerir o alimento e seus derivados. Em
caso de reação simples, como manifestações cutâneas, o alérgico pode
tomar um anti-histamínico, popularmente conhecido como antialérgico. Se a
reação for grave - anafilática, manifestações clínicas do sistema
respiratório, cardiovascular (tontura e desmaio) ou fechamento da glote -
o paciente deve ser imediatamente levado ao hospital.
Mudança de hábitos - De
acordo com José Carlos Perini, presidente da Associação Brasileira de
Alergia e Imunologia, nos últimos quatro anos houve uma mudança no
perfil da prevalência das alergias alimentares no Brasil. Aumentaram os
casos de pessoas alérgicas a aditivos alimentares (compostos presentes
em alimentos industrializados), amendoim, milho, gergelim e frutas
tropicais (banana, mamão, kiwi), que não eram muito comuns no país.
"Ainda não existem motivos comprovados que expliquem essa mudanças, mas
supõe-se que se deva a mudanças nos hábitos alimentares, dietas
repetitivas ou muito restritivas, menor contato com a natureza e maior
ingestão de alimentos industrializados".
Fonte: Revista Veja
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