Mulheres com colesterol alto não correm maior risco apenas de desenvolver doenças cardiovasculares. Elas têm de se preocupar também com o câncer de mama. É o que mostra um estudo publicado na edição de maio do Journal of The National Cancer Institute. Os pesquisadores da Universidade de Toronto, no Canadá, acompanharam mais de 4 000 mulheres e viram que as que tinham o LDL (o colesterol ruim) elevado, apresentavam um risco 25% maior de desenvolver tumores nas mamas. "Pesquisas preliminares já apontavam para essa possibilidade, mas certamente este é o estudo mais robusto que demonstra tal correlação", diz o oncologista Fernando Maluf, do Hospital São José, em São Paulo.
As voluntárias foram acompanhadas durante dez anos. Do total, 279 delas foram diagnosticadas com tumores de mama invasivos. Ou seja, com grande possibilidade de metástase. Os pesquisadores, então, colheram amostras de sangue para analisar o perfil lipídico de cada uma delas. As taxas dosadas foram as seguintes: o colesterol total, o LDL, o HDL (colesterol bom) e os triglicérides. Os resultados dos exames foram comparados com os obtidos por mulheres saudáveis, sem sinais de câncer. De acordo com o estudo, fica claro que os níveis elevados de LDL estão relacionados a um maior risco de câncer de mama.
O colesterol no sangue, na verdade, está associado aos principais mecanismos do câncer. Entre eles, à maior proliferação celular e à chamada apoptose (morte celular programada), além da proliferação de vasos sanguíneos, que levam oxigênio às células e agem como nutrientes do tumor.
Até hoje, o que estava comprovado era que os quilos em excesso aumentavam o risco do câncer de mama -- não o colesterol. O excesso de peso eleva a produção de hormônios associados ao surgimento de vários tipos de câncer. Nos tumores de mama, em especial, o acúmulo de gordura corporal faz aumentar a produção do hormônio estrógeno, combustível para as células cancerosas.
Os novos achados deverão representar o primeiro passo para uma mudança na prática clínica. O estudo mostra que os médicos têm de monitorar mais atentamente as mulheres com colesterol alto e histórico de câncer na família, além de lesões pré-malignas.
Fonte: Revista Veja