Câncer é a denominação do conjunto de mais de 100 doenças que possuem como característica comum, o crescimento inadvertido de células, que geralmente invadem tecidos e órgãos. Multiplicando-se em grande velocidade, estas células tem a tendência de serem agressivas e sem controle, provocando a formação de tumores malignos, que podem migrar para outras regiões do corpo, causando as metástases.
As causas de câncer são inúmeras. As causas externas estão ligadas ao meio ambiente e aos hábitos e costumes próprios de uma população. As causas internas são, geralmente, determinadas geneticamente e também relacionadas à capacidade do organismo de superar as agressões externas. Entre os tipos mais comuns destacam-se em adultos, o câncer de pulmão e o de mama, o primeiro e segundo mais comuns no mundo, respectivamente. Cerca de 90% dos casos de câncer de pulmão são ligados ao tabagismo. Já o câncer de mama, segundo tipo de câncer mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres, está relacionado à vida reprodutiva da mulher , como por exemplo menarca precoce, uso anticoncepcionais orais, menopausa tardia e terapia de reposição hormonal, porém a idade continua sendo um dos mais importantes fatores de risco. O câncer infantil é tido como evento raro, sendo as leucemias o tipo mais comum em menores de 15 anos com incidência de cerca 30% entre todos os tipos. Já entre os tumores sólidos, os tumores de sistema nervoso central são os mais freqüentes em crianças, correspondendo entre 8 a 15% de todas as neoplasias infantis.
O tratamento do câncer depende do tipo e estágio da doença. Engloba procedimentos cirúrgicos, quimioterapia, radioterapia ou transplante de medula óssea, sendo em muitos casos, necessária a ação combinada de mais de um desses métodos. As implicações nutricionais no câncer são determinadas, principalmente, pelos métodos de tratamento que afetam a ingestão, digestão, absorção e metabolismo de alimentos e nutrientes.
A assistência nutricional ao paciente oncológico tem como objetivo amenizar os efeitos colaterais do tratamento, manter ou recuperar o estado funcional, garantindo o desempenho de sistemas vitais como a capacidade de cicatrização e a função imunológica, e não menos importante, promover uma boa qualidade de vida. No paciente pediátrico, a nutrição também deve garantir crescimento e desenvolvimento adequados.
Atenuando os Efeitos Colaterais:
Náuseas, vômitos, anorexia (perda de apetite), diarréia ou constipação, alterações de olfato e paladar, xerostomia (boca seca), mucosite (lesões nas mucosas do trato gastrointestinal), estão entre os efeitos colaterais mais comuns do tratamento oncológico. Abaixo estão presentes algumas condutas nutricionais que podem minimizar os efeitos colaterais do tratamento quimio/radioterápico:
Náusea e Vômito
- Comer pequenas porções em intervalos menores;
- Evitar alimentos fritos ou gordurosos ou de tempero muito forte;
- Fazer as refeições em local ventilado, agradável e tranqüilo;
- Não deitar logo após as refeições;
- Evite consumo de líquidos durante as refeições;
- Dar preferência a alimentos secos, como torradas, biscoitos, etc.
- Realizar higiene oral com maior freqüencia do que o habitual.
Alterações no Paladar
- Enxaguar a boca antes das refeições;
- Utilizar temperos como manjericão, orégano, alecrim, hortelã, azeitonas, salsa, etc.
- Chupar balas azedas ou de hortelã.
- Realizar boxexos com chá de gengibre sem açúcar.
Perda de Apetite/Anorexia
- Mastigar bem os alimentos e comer devagar;
- Substituir as carnes vermelhas, que podem não ser bem toleradas, por frango, peixe, ovos e queijo;
- Oferecer os alimentos preferidos, principalmente os com alto teor calórico, como: misturar manteiga ou margarina aos alimentos quentes (purês ou sopas), maionese, mel, azeite,nozes, frutas secas, balas, pipocas, biscoitos, sorvetes e suplementos nutricionais;
- Deixar petiscos a disposição para“beliscar” ao longo do dia;
- Não ficar na cozinha durante o preparo da comida;
- Realizar as refeições ou lanches, ouvindo música ou assistindo a televisão.
Mucosite (feridas na boca)
Para aliviar a dor causada pela mucosite, siga as recomendações abaixo:
- Evite alimentos ácidos, crus, muito quentes ou muito frios;
- Evitar alimentos fortes (pimenta, catchup, mostarda, molho inglês, massa de tomate),
- Não consumir doces concentrados (goiabada, marmelada, doce de leite, cocada, calda de compota, creme ou bolo recheado),
- Diminuir o sal das preparações,
- Consumir alimentos macios, leves ou pastosos, como sopas, flans , sorvetes, gelatinas, etc.
Recuperando o Estado Nutricional
A subnutrição está presente entre 30 a 50% dos pacientes com câncer, sendo causada pela caquexia, condição que associa a anorexia com perda de massa gorda e atrofia da massa muscular.
Os suplementos nutricionais orais podem contribuir para melhorar a ingestão de nutrientes naqueles pacientes que não conseguem atingir suas necessidades com a alimentação convencional, apesar da orientação nutricional. A eficácia da suplementação depende da aceitação do produto e da adesão ao tratamento. O suplemento deve ser específico para esta população, considerando os distúrbios característicos de paladar. Suplementos sem sabor ou de sabor neutro, costumam ser bem tolerados desde que usados em preparações bem aceitas pelos pacientes como sopas, tortas, purês, sorvetes, panquecas, frapês, shakes, etc.
Se mesmo com todas essas condutas, a ingestão alimentar do paciente subnutrido ficar abaixo de 60 % de suas necessidades energéticas por mais de 5 dias, sem expectativa de melhora e houver perda de peso significativa o suporte nutricional enteral estará indicado. Caso aja comprometimento gastrointestinal (mucosite, obstruções, etc.), o uso de nutrição parenteral será uma importante alternativa.
A Nutrição tem importante papel não só na prevenção, mas também durante o tratamento do câncer, sendo fundamental para seu sucesso. A inserção do nutricionista nas equipes multiprofissionais especializadas no tratamento oncológico já é uma realidade, contribuindo assim para otimizar as propostas terapêuticas, promovendo melhor qualidade de vida aos pacientes adultos e pediátricos.
Fonte: A Nutricionista
Nenhum comentário:
Postar um comentário