Excesso de gordura abdominal aumenta pressão na barriga e eleva o risco. Hérnia de hiato pode não apresentar sintomas; tratamento é cirúrgico.
A hérnia de hiato é uma doença anatômica do aparelho digestivo que pode ou não apresentar sintomas. Se for assintomática, geralmente não precisa ser tratada; porém, se apresentar sinais como dor, anemia, dificuldade para comer, queimação e refluxo pode precisar de intervenção médica, como explicaram o cirurgião do aparelho digestivo Fábio Atui e o gastroenterologista Sergio Szachnowicz no Bem Estar desta terça-feira (8).
Pessoas que sofrem com obesidade correm mais risco de desenvolver a hérnia de hiato porque o acúmulo de gordura na barriga aumenta a pressão e faz esforço no diafragma, que se alarga com maior facilidade.
A doença acontece justamente por isso, quando a abertura pela qual passa o esôfago se alarga muito e o estômago, que deveria ficar no abdômen, acaba passando e subindo para o tórax. Se a hérnia for muito grande, podem passar também outros órgãos, como o cólon, o intestino delgado e o baço.
É possível corrigir o problema com uma cirurgia, que leva de volta esses órgãos do tórax para a barriga e fecha um pouco a abertura do diafragma para que a hérnia não volte a acontecer.
Porém, o procedimento tem certas limitações - por exemplo, os médicos evitam operar obesos porque a gordura abdominal pode provocar o rompimento dos pontos e prejudicar o resultado.
Geralmente, a cirurgia é recomendada para quem tem hérnias muito grandes ou pequenas com muito refluxo, que podem ocasionar esofagites hemorrágicas, dores fortes e dificuldade para se alimentar. Para corrigir o problema do refluxo, principal sintoma da hérnia de hiato, o médico costura o estômago ao redor do esôfago, formando uma válvula que evita que o conteúdo volte para a garganta.
Porém, cerca de 10% dos pacientes operados voltam a ter hérnia de hiato 10 anos após a cirurgia. Por outro lado, alguns acreditam que, mesmo após a operação, o refluxo pode voltar, mas isso só acontece se voltarem a se alimentar de maneira errada e engordarem. Caso volte, pode ser feita uma nova cirurgia ou o tratamento com medicamentos.
Os médicos ressaltaram também que nem sempre quem tem refluxo tem hérnia de hiato.
O refluxo acontece por causa da flacidez dos músculos do final do esôfago, que impedem o fechamento completo da válvula, fazendo com que o conteúdo – seja líquido, pastoso ou até mesmo sólido – chegue à garganta. Tossir, fazer esforço com a barriga e maus hábitos alimentares, como comer muito ou comer rápido, podem também causar esse desconforto. Além da queimação no peito, o refluxo pode causar também dor torácica, dificuldade para comer, coceira na garganta, tosse, rouquidão e chiado no peito.
O problema atinge cerca de 20% da população e pode ser diferente entre crianças e adultos – nos menores, pode acontecer por causa da falta de maturidade dos músculos do diafragma, problema que termina quando eles completam 2 anos.
Quem tem refluxo não pode ficar por mais de 3 horas sem se alimentar e deve comer sempre de forma comedida. Além disso, não pode tomar líquido durante a refeição ou deitar nas próximas duas horas depois de comer. Alimentos gordurosos, frituras, frutas ácidas, temperos e bebidas como café, chá preto e mate devem ser evitados.
Fonte: G1
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