É impossível falar de absorção, sem falar da importância dos nutrientes.
O nutrientes são substâncias químicas presentes nos alimentos que, ao serem absorvidas, vão promover o crescimento e a manutenção e produção de energia, equilibrando as diversas funções orgânicas. No dia a dia, conhecemos os nos referimos constantemente a eles quando falamos em carboidratos, gorduras, proteínas, vitaminas, minerais, água e fibras.
Os nutrientes são a matéria prima das células e nós, seres humanos, precisamos deles em quantidade e qualidade adequados. Nosso organismo é formado por aproximadamente 100 trilhões de células e cerca de 50% delas estão sendo renovadas a cada 24 horas, ou seja, estamos em processo contínuo de reconstrução do corpo. Por isso a oferta de nutrientes, que nada mais é do que o que comemos, será determinante sobre nossa saúde celular.
Já ouviram falar em “fome celular”? É exatamente o termo utilizado para definir a falta crônica de nutrientes em nossos organismo. A longo prazo, gera deficiências por vezes imperceptíveis que vão enfraquecendo nossas resistências naturais e promovendo doenças. São necessários 45 nutrientes para manter a célula em seu pleno funcionamento.
Mas é importante lembrar que a ingestão do alimento não garante que seus nutrientes farão parte das células. É preciso que eles estejam bio disponíveis, o que significa que não adianta simplesmente oferecer um nutriente, é preciso que ele seja absorvido e, para isso, é necessário que haja uma série e condições e de sincronicidade de processos bioquímicos e fisiológicos. Para tornar o entendimento mais fácil, listamos os seguintes fatores que podem interferir na absorção dos nutrientes:
- Idade. Pessoas mais jovens possuem mais enzimas digestivas que pessoas mais velhas e, portanto, absorvem alimentos com mais facilidade. Bebês possuem imaturidade enzimática e tem dificuldade de digestão e absorção de alguns nutrientes e, por isso, os alimentos devem respeitar esse amadurecimento do organismo para serem oferecidos. Caso sejam incluídos precocemente na dieta dos bebês podem causar diarreias e alergias. Os idosos também tem dificuldade de mastigar, sendo assim, os alimentos oferecidos para eles tem que ser mais cozidos e triturados, o que também vai interferir na presença e na absorção dos nutrientes.
- Doenças como síndromes de má absorção (ex: Doença de Crohn, Doença Celíaca). São pessoas que não digerem o glúten, proteína presente nos cereais (trigo, centeio, cevada e aveia), ou que tem intolerância à lactose – pessoas que não possuem a enzima lactase, que digere o leite . Essas doenças vão além de causar diarreias, vão também lesionar a parede do intestino, prejudicando a absorção adequada de nutrientes.
- Gastrite, que provoca o aumento de acidez estomacal e a proliferação de bactérias nocivas não habituais ao intestino.
- Cirurgias como as de câncer, quando há retirada parcial ou total do estômago ou do intestino.
- Cirurgia de obesidade, quando há retirada parcial do estômago e bypass do intestino, reduzindo a capacidade de digestão e a área de absorção.
- Mastigação. O alimento deve ser bem triturado antes de ser deglutido, pois parte da digestão e, portanto, da transformação e disponibilidade dos nutrientes, depende da ação das enzimas presentes na saliva. Alimentos que sofreram pouca ação da saliva, como os carboidratos, vão ter que ser digeridos ao longo do intestino podendo causar gases.
- Líquidos durante a refeição prejudica a absorção dos alimentos pois altera a acidez gástrica, necessária para a ação das enzimas digestivas, interferindo também na destruição de bactérias nocivas ao nosso organismo.
- O estado emocional durante a refeição pode estimular a liberação de adrenalina, desviando o sangue que normalmente deveria estar concentrado na digestão para outras partes do corpo, atrasando não só a digestão como a absorção adequada de nutrientes. Portanto não leve problemas para hora da refeição.
- A presença de parasitas no trato intestinal. O parasita vai reduzir a absorção de nutrientes, não só por concorrer na hora de absorção, mas também por aumentar a eliminação de nutrientes como nos casos de diarreias.
- Se a flora intestinal não estiver equilibrada haverá interferência no sentido não só de reduzir a absorção de nutrientes, mas também de comprometimento do sistema imune. As bactérias intestinais são responsáveis pela produção de vitamina K, ácidos graxos de cadeia curta, melhorar o processo digestivo, promover uma ação anti-cancerígena e atuam também na regulação do colesterol e nas alergias alimentares.
- Fatores relacionados ao próprio alimento, como sua composição química, se foi processado, se está em seu estado natural, ou seja, cru, ou se foi muito cozido. Os nutrientes em estado natural estão mais preservados, já que o calor pode eliminar alguns nutrientes como a vitamina C. No entanto, pode otimizar outros como o beta cartono ou vitamina A, existente em vegetais amarelos, laranjas e verde escuros. Vitaminas hidrossolúveis se perdem na água, já as lipossolúveis se dissolvem nas gorduras (no óleo usado para cozimento). Além disso, a maioria das vitaminas é termossensível, ou seja, se deteriora com altas temperaturas. Uma vantagem é que ao cozinhar os alimentos, podemos atenuar substâncias contaminantes e agrotóxicos.
Uma dica: antes de ingerir frutas, verduras ou legumes crus, lave-os em água corrente, de preferência com sabão, que ajuda e eliminar o agrotóxico. Lavar e descascar os alimentos ajuda na eliminação de pesticidas que se acumulam na superfície dos vegetais e frutas, mas esse processo provoca a perda de alguns nutrientes. Lembre-se que há um tipo de defensivo agrícola que entra na raiz da planta e chega a seu interior pela seiva, ele tem absorção sistêmica e não é removidos somente com a lavagem ou o descascamento. O cozimento, porém, surte efeito e degrada o agrotóxico. O bom mesmo, então, está no consumo de alimentos orgânicos que possuem menos defensivos agrícolas e mais nutrientes.
Outros fatos interessantes são as interações negativas entre os nutrientes:
- Bebidas alcoólicas reduzem a absorção de vitamina B1 ( tiamina), vitamina B12 (cianocobalamina), ácido fólico, riboflavina e Vitamina B6 (piridoxina).
- A presença de cálcio inibe a absorção do ferro presente na mesma refeição.
- A presença de vitamina C potencializa a absorção do ferro.
- Excesso de fósforo prejudica a absorção de magnésio.
- Alimentos fontes de vitamina C inibem reduzem a absorção de cálcio.
- Alimentos fontes de zinco, como carne, e fontes de ferro ou cálcio, se consumidos juntos com fontes de fosfatos, formam compostos insolúveis e passam a terem pouca absorção.
- O tanino, substâncias presentes nos chás (mate e preto) e água tônica, reduz a biodisponibilidade das proteínas, do ferro, zinco e cobre (fígado, nozes, ameixa).
- O ferro existente no ovo é pouco bio disponível, pois substâncias presentes no próprio ovo (quelantes), formam com o ferro compostos insolúveis que não são absorvidos.
Interações positivas entre os nutrientes:
- Alimentos fontes de vitamina C (laranja, limão, acerola, tomate), se consumidos com alimentos fontes de selênio (aves, grãos integrais, cebola, alho) e ferro, melhoram a absorção desses minerais.
- O açúcar das frutas, conhecido como, frutose, tem o poder de melhorar a absorção do ferro.
- O açúcar do leite, a lactose,melhora a absorção do cálcio.
- A gordura presente nos alimentos melhora a absorção do ferro e das vitaminas A e D.
A manutenção da integridade da parede intestinal é fundamental na seleção natural dos nutrientes absorvidos, não só dos necessários, mas também de substâncias estranhas ao organismo. Esta integridade da mucosa intestinal é necessária também na determinação da produção de enzimas digestivas, hormônios e vários neurotransmissores, como, por exemplo, a serotonina.
No sistema imune essa integridade é responsável pela presença de células próprias da imunidade como a IgA secretora, tecido linfóide intestinal (GALT), mastócitos e linfócitos .
- Estômago: absorve o álcool, alguns sais minerais e água
- Intestino delgado (duodeno): absorve ferro, cálcio, vitamina A, alguns aminoácidos e gordura.
- Intestino delgado (jejuno): é responsável pela absorção da maioria dos nutrientes como os carboidratos, aminoácidos, vitaminas C, D, K, B1, B2, B3, B6, B12, potássio, fósforo e gorduras.
- Intestino delgado (íleo): Absorve vitamina B12, sódio, cloro, potássio e ácidos biliares.
- Intestino grosso: Absorve principalmente a água, e também e menor proporção , gorduras e açúcares.
- Reto: Absorve água.
Os medicamentos e os nutrientes são capazes de interagir entre si. Os nutrientes podem modificar os efeitos dos medicamentos por interferirem em processos como absorção, metabolismo e excreção. Assim, em alguns casos, a presença de determinados alimentos pode aumentar ou diminuir a absorção e/ou reduzir agressões na mucosa intestinal. Como resultado disso, o medicamento pode não atingir níveis eficientes no sangue ou os efeitos podem ser prolongados, ocorrendo uma lenta liberação do seu princípio ativo.
Como vocês podem perceber, parece fácil, mas é difícil! Vimos que absorver nutrientes não é só uma questão de oferta, já que dependemos de vários fatores que vão desde a escolha dos alimentos, sua combinação, sua preparação , o estado de saúde do organismo, a integridade da mucosa gástrica intestinal, da flora intestinal, a ingestão de medicações, a presença ou não de doenças que interferem na absorção, a idade e até de fatores emocionais.
Por isso, não importa se você está magro(a) ou gordo(a), procurar um Nutricionista é muito importante para se alimentar bem e conseguir extrair o máximo do que comemos, melhorando nossa saúde, nosso bem-estar e nossa aparência. Como falamos anteriormente, é muito importante entender que comer e se alimentar são coisas muito diferentes e, por isso, precisamos estar constantemente atentos ao que damos para essa máquina, que é o nosso corpo, funcionar bem. Não adianta se prender em dietas específicas, mas assumir um compromisso com você mesmo(a) para toda a vida.
Fonte: Toda Vida Nutrição
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