Ao chegar à sede do Conselho Regional de Nutricionistas da 5ª Região (Bahia e Sergipe), o público facilmente percebe que os funcionários daquela autarquia (responsável por fiscalizar e orientar o exercício profissional de Nutricionistas e Técnicos em Nutrição e Dietética) estão usando uma fita rosa presa à camisa. O objetivo é informar o apoio da categoria ao "Outubro Rosa", campanha nacional do Ministério da Saúde para conscientização sobre prevenção e combate ao câncer de mama. "Abraçamos esta causa porque conhecemos a grande influência dos alimentos na prevenção do câncer, inclusive o de mama. Aplaudimos a iniciativa do ‘Outubro Rosa' ao tempo em que afirmamos que os Nutricionistas têm muito a colaborar no que diz respeito ao combate a esta e outras doenças", declara a presidente do CRN-5, Valquíria da Conceição Agatte.
Atenta à questão, a nutricionista convidou a colega de profissão, Graziela Brandão, Nutricionista da Assistência Multidisciplinar em Oncologia (AMO), para facilitar o chat temático "Relação entre nutrição e câncer", que o CRN-5 promove no dia 30 de outubro, a partir das 19h, não apenas para Nutricionistas e Técnicos em Nutrição e Dietética (TNDs) registrados no Conselho, mas também para todo o público interessado no tema. Para participar, basta acessar a seção "Chat" do site www.crn5.org.br, no dia e hora agendados para o bate-papo.
Alimentos que protegem a mama
Especialista em Nutrição Clínica e Terapia Nutricional, Graziela Brandão explica que certos alimentos, considerados "funcionais", possuem componentes capazes de prevenir ou reduzir o risco de cânceres dos mais diversos tipos. "Há muito tempo, o alimento deixou de ser abordado simplesmente do ponto de vista nutricional e passou a ser encarado como portador de componentes bioativos especiais, que oferecem proteção à saúde", detalha.
Neste contexto, a Nutricionista destaca que tanto os alimentos ricos em Vitamina D quanto os que possuem muito cálcio reduzem os riscos da mulher desenvolver o câncer de mama, na medida em que diminuem a densidade do tecido mamário dos seios. "O consumo de hortaliças folhosas da família das crucíferas (brócolis, couve-flor, couve manteiga, repolho) tem se associado à redução do risco de câncer de mama", diz. "O chá verde, de erva cidreira, erva-doce e hortelã apresentam compostos do grupo dos polifenóis (catequinas), cujo efeito benigno anticancerígeno na mama foi observado em alguns estudos", completa.
Outro bom exemplo de alimento funcional que ajuda na prevenção da doença é a soja, que além de reduzir o colesterol LDL, colesterol total e triglicérides no sangue, previne contra o câncer de mama, cólon, reto, estômago, próstata e osteoporose. "Vale destacar que o consumo de soja também ajuda a diminuir a intensidade dos sintomas da menopausa, devido à ação dos componentes bioativos como os fitoestrógenos e isoflavonas", destaca Graziela Brandão.
Outros exemplos
Já o consumo de alho na sua forma in natura, devido à presença de compostos sulfurados, traz diversos benefícios à saúde, o que inclui a prevenção do câncer, além da ação antiaterogênica (contra a formação de placas de gordura nos vasos sanguíneos) e contra a dislipidemia (colesterol alto) e hipertensão arterial.
As frutas cítricas com altos teores de vitamina C, como o caju, a goiaba, a acerola, o limão e a laranja contêm vários compostos bioativos, tais como as limoninas e a pectina, que atuam no organismo humano, inibindo a carcinogênese (formação do câncer), atuando como agentes bloqueadores e/ou supressores.
Como exemplo do poder protetor dos alimentos, Graziela Brandão também cita as frutas e vegetais de polpa amarelo-alaranjada, como o tomate, que possui elevada concentração do carotenoide licopeno. "Estudos mostram que o consumo de tomate e molho de tomate em dez ou mais vezes por semana reduz em mais que 50% a incidência de câncer de próstata nos homens. Isso acontece devido ao poder antioxidante do licopeno, que age na neutralização de radicais livres", informa a Nutricionista. No caso do tomate, a biodisponibilidade do licopeno aumenta com o preparo sob aquecimento. O licopeno é um carotenoide natural, responsável pela cor de certos alimentos. Além do tomate, ele é encontrado em leguminosas bem conhecidas como a cenoura e em frutas como o mamão, a melancia, a goiaba.
Os cereais integrais, como aveia e linhaça, por sua vez, além de exercerem diversas funções saudáveis como a redução do colesterol total e LDL, reduzem o risco de câncer cólon-retal e gástrico, devido à ação das fibras solúveis neles contidos. A amêndoa de castanha-do-Brasil, frutos do mar, fígado e rim são ricos em selênio, que também contribui na prevenção do câncer. "O selênio ajuda a retardar o envelhecimento, combater a tensão pré-menstrual, preservar a elasticidade dos tecidos, aumentar a potência sexual no homem, proteger contra enfermidades cardiovasculares e estimular o sistema imunológico", acrescenta Graziela Brandão.
Há, ainda, os alimentos de origem animal como os peixes marinhos de água fria: sardinha, cavala, atum e salmão, que contém ácidos graxos Ômega 3, cujos benefícios incluem redução de câncer de mama, cólon, pele, pâncreas, próstata, pulmão e laringe, além do controle da hipertensão, doenças cardiovasculares, desordens inflamatórias e auto-imunes.
Os laticínios e derivados, além dos nutrientes, apresentam componentes probióticos, que desempenham funções desejáveis ao organismo de quem os consome regularmente: redução do risco de câncer e de outras doenças como hipertensão, dislipidemias, infecção do trato urinário de mulheres; melhora da integridade da mucosa intestinal e resistência à infecções.
Cuidado com o excesso de gordura!
Entre os cânceres associados ao excesso de ingestão de gordura, destacam-se o de mama, próstata, pulmão cólon e reto. "Acredita-se que a elevada ingestão de gordura promove o aumento na produção de ácidos biliares, que são mutagênicos e citotóxicos", pontua a Nutricionista da AMO. Ela explica que a obesidade no período de pós-menopausa pode potencializar o risco de câncer de mama, principalmente quando a gordura está localizada na região abdominal. "Existem evidências de que os cânceres de mama e endométrio estão associados ao excesso de peso corporal. No Brasil, a estimativa de sobrepeso (IMC de 25kg/m² a 29,9kg/m²) e obesidade (IMC>30kg/m²) é de 32% e 8%, respectivamente. São estatísticas preocupantes", diz.
Frente a esses dados, a Nutricionista sugere limitar o consumo de gorduras animais em no máximo 30% das calorias diárias, "o que reduziria o risco do câncer de próstata para a metade, quando em estágio tardio. Já as gorduras saturadas não devem ultrapassar 10% das calorias diárias", pontua.
Os fitoestrogênios, encontrados em abundância na soja e nos derivados de soja como o tofu, e também em ervilhas, feijão, vegetais, frutas, cereais e sementes, ajudam a bloquear enzimas importantes para o crescimento do câncer. Já os flavonoides, principais pigmentos que dão cor aos alimentos como uvas, vinho tinto, frutas cítricas, azeitonas, maçãs, cerejas, morangos, azeitonas, café, tomates e ameixas, interrompem ou retardam o crescimento de células malignas, protegendo contra substâncias cancerígenas.
Os fitoestrogênios, encontrados em abundância na soja e nos derivados de soja como o tofu, e também em ervilhas, feijão, vegetais, frutas, cereais e sementes, ajudam a bloquear enzimas importantes para o crescimento do câncer. Já os flavonoides, principais pigmentos que dão cor aos alimentos como uvas, vinho tinto, frutas cítricas, azeitonas, maçãs, cerejas, morangos, azeitonas, café, tomates e ameixas, interrompem ou retardam o crescimento de células malignas, protegendo contra substâncias cancerígenas.
Dados importantes
Diversas projeções indicam que as taxas de câncer, em geral, tendem a aumentar. Além dos hábitos alimentares, esse aumento deve-se ao envelhecimento da população mundial, ao tabagismo, à poluição ambiental e ao estilo de vida pouco saudável, entre outros. "A prevenção é o método mais eficaz de combate ao câncer. Somente cerca de 5% dos cânceres são de origem genética, enquanto 95% ocorrem devido a interação entre os genes e o ambiente, dieta e estilos de vida", destaca a Nutricionista Graziela Brandão.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que no ano 2030 podem-se esperar 27 milhões de casos incidentes de câncer, 17 milhões de mortes por câncer e 75 milhões de pessoas vivas, anualmente, com câncer. O maior efeito desse aumento vai incidir em países de baixa e média rendas. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Brasil, as estimativas para o ano de 2012 são válidas também para o ano de 2013 e apontam a ocorrência de aproximadamente 518.510 casos novos de câncer. São esperados um total de 257.870 casos novos para o sexo masculino e 260.640 para o sexo feminino. "Estes dados são preocupantes. Precisamos investir em prevenção e a mudança de hábitos alimentares faz parte dela, necessariamente", destaca a presidente do CRN-5, Valquíria Agatte.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que no ano 2030 podem-se esperar 27 milhões de casos incidentes de câncer, 17 milhões de mortes por câncer e 75 milhões de pessoas vivas, anualmente, com câncer. O maior efeito desse aumento vai incidir em países de baixa e média rendas. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Brasil, as estimativas para o ano de 2012 são válidas também para o ano de 2013 e apontam a ocorrência de aproximadamente 518.510 casos novos de câncer. São esperados um total de 257.870 casos novos para o sexo masculino e 260.640 para o sexo feminino. "Estes dados são preocupantes. Precisamos investir em prevenção e a mudança de hábitos alimentares faz parte dela, necessariamente", destaca a presidente do CRN-5, Valquíria Agatte.
O relatório Food, Nutrition and the Prevention of Cancer do American Institute for Cancer Research, estabelece a relação entre dietas ricas em vegetais, frutas, grãos integrais e feijões e a baixa incidência de câncer e outras doenças crônicas. A mais recente recomendação do American Institute visa facilitar a adoção de uma alimentação saudável pela população e, indica o consumo de refeições compostas por 2/3 (ou mais) de vegetais, frutas, grãos integrais e feijões e 1/3 (ou menos) de proteína animal. A base da alimentação deve ser de alimentos de origem vegetal, ricos em vitaminas, minerais, fibras e fitoquímicos que minimizam os riscos do câncer.
Fonte: Conselho Regional de Nutrição - Bahia/Sergipe
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