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terça-feira, 9 de outubro de 2012

Crianças obesas têm risco até 40% maior de enfarte


A obesidade infantil pode trazer mais riscos do que se supunha anteriormente. Uma revisão de estudos feita pela Universidade de Oxford concluiu que crianças obesas têm um risco de 30% a 40% maior de, no futuro, sofrerem enfarte ou outras doenças isquêmicas cardíacas, em comparação a crianças com índice de massa corpórea (IMC) normal.

A pesquisa teve como base 63 estudos anteriores que analisaram 49.220 crianças e adolescentes saudáveis de 5 a 15 anos, moradores de países desenvolvidos. Os resultados foram publicados na edição de hoje da revista científica British Medical Journal.

De acordo com o estudo, as crianças obesas e com sobrepeso apresentam maior pressão arterial e maior concentração de colesterol e de triglicérides no sangue. Esses são alguns dos fatores responsáveis por elevar os riscos cardiovasculares desse grupo, em relação ao grupo com peso normal.

As crianças com sobrepeso têm a pressão sistólica, em média, 4,54 mm Hg (milímetros de mercúrio) mais alta que as mais magras. Nas obesas, a pressão sistólica é 7,49 mm Hg mais elevada. A pressão sistólica corresponde ao maior valor quando se afere a pressão: o ideal é que ela seja de 120 mm Hg.

Quanto ao nível de colesterol no sangue, as obesas têm, em média, 0,15 mmol/l (milimol por litro) a mais que as magras. Elas também têm um nível de triglicérides mais alto em 0,26 mmol/l, segundo a pesquisa.

Outro aspecto de risco observado foi em relação à massa ventricular esquerda, em média 19,12 gramas mais pesada em comparação às crianças com peso normal.

Impacto. O resultado da maior prevalência de obesidade entre as crianças nos últimos anos provoca impacto nos consultórios dos cardiologistas, de acordo com o médico João Vicente da Silveira, do Hospital São Luiz. "Estamos observando que os jovens estão tendo doenças cardiovasculares cada dia mais cedo", diz o cardiologista. Ele acrescenta que os grandes vilões são comida em excesso e sedentarismo.

Enquanto os riscos cardiovasculares passam a ser mais significativos apenas quando a criança entra na fase adulta, a obesidade infantil também representa risco imediato, de acordo com a endocrinologista Claudia Cozer, diretora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso). Ela conta, por exemplo, que é cada vez mais comum crianças e adolescentes desenvolverem a diabete do tipo 2 e também níveis elevados de ácido úrico.

Claudia observa que o excesso de peso deve ser encarado com seriedade desde a infância. "Não existe criança 'fofinha', mas criança que está fora da curva de crescimento. Se ela está acima do peso, já merece a atenção dos pais. Quanto mais precocemente tomarem as medidas de cuidado, melhor."

Segundo a especialista, o risco de uma criança obesa vir a ser um adulto obeso é de 80%, caso não haja uma intervenção. Claudia acrescenta que é mais fácil promover mudanças de hábitos em crianças de até 10 anos. Na fase da adolescência, o desafio já é maior e pede uma estratégia que envolve a mudança dos hábitos de toda a família.

Fonte: Instituto de Nutrição Geralda Rodrigues

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