Por muito tempo, considerou-se que as complicações do diabetes mellitus fossem determinadas geneticamente, sem pensar na relação com o tipo e a qualidade do controle da doença. Hoje já se sabe que grande parte das complicações deve-se ao mau controle do metabolismo, ou seja, à falta de preocupação e acompanhamento das oscilações dos níveis de glicose do sangue.
No entanto, o cuidado alimentar para crianças e adolescentes portadores de diabetes tipo 1 é um pouco diferente do usualmente feito em adultos. O crescimento físico e a maturação nessa fase da vida tendem a modificar as respostas ao tratamento do diabetes. Portanto, deve-se priorizar o bom controle das taxas de açúcar do sangue (glicemia), a fim de evitar que esses níveis caiam (hipoglicemia), e junto dar atenção ao adequado crescimento e desenvolvimento.
Como o diabetes do tipo 1 define-se por insuficiente produção de insulina (hormônio produzido no pâncreas que ajuda a “levar” o açúcar do sangue para os tecidos), o tratamento medicamentoso foca a reposição desse hormônio, utilizando-se esquemas para atingir níveis mais próximos do normal antes e após as refeições.
Dessa forma, o planejamento alimentar e a prática de atividade física regularmente completam o tratamento.
Deve-se evitar açúcares refinados (açúcar de mesa, doces, massas, pães brancos), que são de rápida absorção e, com isso, contribuem para o aumento das taxas de açúcar no sangue, e se institua uma alimentação equilibrada nutricionalmente, com quantidades adequadas de carboidratos (arroz, massas, pães, batata, mandioca, frutas etc.), proteínas (carnes, ovos, leite, queijos, iogurtes, feijões etc.) e gorduras (óleo, azeite, margarina, manteiga etc.), e rica em fibras (presente em cereais integrais, frutas, verduras e legumes crus).
Para saber como se faz a distribuição desses alimentos, basta calcular inicialmente o valor calórico total requerido para determinada criança (ver explicação no quadro 1) e depois acompanhar os percentuais requeridos por cada grupo de nutrientes:
- 50 a 60% do valor calórico diário total em carboidratos;
- 15% do valor calórico diário total em proteínas; e
- 30% do valor calórico diário total em gorduras.
Quadro 1: Cálculo do valor calórico diário para crianças
100 kcal por kg de peso: para crianças com até 10 kg de peso corpóreo; 1.000 + (peso corporal em kg – 10) x 50 em crianças com massa entre 10 e 20 kg; 1.500 + (peso corporal em kg – 20) x 20 em crianças com mais de 20 kg. |
Uma maneira muito prática e eficaz de fazer o controle da glicemia é a contagem de carboidratos, que é um método de combinar a dosagem de insulina a ser administrada com o consumo de carboidratos. Em geral, para cada 10 – 20g de carboidratos, administra-se 1 U de insulina. Isso pode ser bem orientado por um nutricionista de acordo com as necessidades específicas de cada paciente.
Os adolescentes que, geralmente, fogem dos esquemas alimentares com hábitos inadequados estão sob risco de hipoglicemias graves se não realizarem suas refeições em horários determinados e não tiverem motivação e conhecimento para certificarem-se dos riscos que tal comportamento pode acarretar.
Por isso, é necessária compreensão e apoio dos profissionais de saúde (médico, nutricionista e educador físico) e da família para que esses pacientes sigam corretamente as recomendações e mantenham uma boa qualidade de vida.
Fonte: A Nutricionista
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