A gestação é uma fase em que o corpo da mulher sofre alterações nutricionais e no metabolismo, que tem como objetivo o desenvolvimento adequado do feto. No primeiro semestre de gestação, a mãe está em estado de anabolismo, com aumento dos depósitos de gordura. Já no final, o rápido crescimento do feto é garantido pelos nutrientes transferidos pela mãe, com quebra do tecido adiposo (o estoque de gordura da mãe servirá de energia para o feto – catabolismo).
Junto a esse simples exemplo ocorrem várias alterações hormonais para dar suporte não apenas a esta etapa, mas também à produção de leite para nutrir o bebê após o nascimento. Portanto, uma alimentação com escolhas adequadas e proporções equilibradas, disponibiliza os nutrientes necessários para essa fase, é fundamental para manter a saúde materna e promover o desenvolvimento de um feto saudável.
Dessa forma, o uso de suplementos torna-se dispensável, pois a associação de uma maior eficiência na absorção e na utilização de nutrientes (o que normalmente ocorre na gestação) ao aumento no consumo alimentar da mãe, é suficiente para atender a maioria das necessidades aumentadas de nutrientes.
A suplementação para gestantes é necessária apenas quando não se atinge as necessidades através da alimentação, em gestantes que já apresentam deficiência de algum nutriente, em quadros de desnutrição ou em populações de risco. Essa avaliação deve ser realizada por um nutricionista ou médico, pois, assim como a falta, o excesso de determinados nutrientes também pode causar prejuízos à saúde materna e do bebê.
A exceção é para a suplementação de ácido fólico e ferro, que tem demonstrado eficiência quanto a defeitos no tubo neural do feto e risco de anemia. De acordo com o Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde (OMS) gestantes devem receber dose profilática diária de ferro. A quantidade é de 30 a 40 mg durante os últimos três meses de gestação, independente da presença de deficiências do mineral. Quanto ao ácido fólico, a recomendação de ingestão diária é de 600 mcg (DRI 1998) de “Equivalentes de Folato Dietético” (ácido fólico ou folato). Suplementos devem ser 400 mcg, sendo o restante adquirido pela alimentação (BERG et al. 2001).
Alguns estudos também mostram que o uso de óleo de peixe (presença de ácidos graxos ômega-3) pela gestante ajuda no desenvolvimento cognitivo (compreensão, intelectualidade), imunidade (sistema de defesa do organismo) do bebê, retina do feto, como também na fase do nascimento aos 2 anos. A necessidade desses óleos está aumentada no feto para atender à acelerada produção dos tecidos cerebrais, já que o cérebro é constituído, em grande parte, de lipídios (gorduras), dependendo de alimentos com esses ácidos graxos para seu crescimento, estrutura e função.
Esses ácidos graxos são primariamente transferidos ao feto pela placenta. Dessa forma, é aconselhável o consumo materno de alimentos que apresentam esses ômega-3 em sua composição, como, por exemplo, peixes, de 2 a 3 vezes por semana. Na impossibilidade do consumo de peixes, o óleo de soja e de canola também são boas fontes. Neste caso, também pode ser feita suplementação com 1 g de óleo de peixe por dia. É importante lembrar que os lipídios não devem ultrapassar 30% das calorias diárias da gestante.
Deve-se ter cautela com a suplementação durante esta fase, pois diversos fatores devem ser analisados por um profissional nutricionista ou médico, a considerar hábitos alimentares, idade da mãe (adolescentes necessitam de uma dose maior de alguns nutrientes por ainda estarem na fase de desenvolvimento), hábitos de vida, presença de doenças e outros.
Uma alimentação e suplementação adequadas para cada caso contribuem para a saúde materna e bom desenvolvimento do feto, auxiliam na aquisição de bons hábitos alimentares pela criança e reduzem riscos para doenças crônicas na idade adulta.
Fonte: A Nutricionista
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