A procura por academias tem aumentado significativamente nos últimos anos. Uma alimentação balanceada é de fundamental importância para permitir que esportistas atinjam seus objetivos sejam eles em performance, estéticos ou de qualidade de vida. Apesar da grande preocupação dos freqüentadores de academias em buscar uma nutrição ideal, muitos deles adotam comportamentos alimentares inadequados e fazem uso de suplementos nutricionais sem orientação.Pesquisas recentes sugerem que as recomendações nutricionais para esportistas podem ser atendidas com uma alimentação balanceada e adaptada a rotina de treinos, desde que devidamente acompanhados por um profissional capacitado. Ademais, a alimentação inadequada e o uso indiscriminado de suplementos, além de não melhorar a performance pode trazer riscos a saúde Tendo em vista essas considerações, é necessário reforçar o papel e a atuação do nutricionista no ambiente esportivo para que os freqüentadores sejam devidamente orientados e atinjam os seus objetivos sejam eles estéticos, de performance ou melhoria do estado de saúde.
A qualidade de vida, a recuperação e/ou manutenção da saúde, a prática regular de exercícios físicos, a estética, o ganho e definição da massa muscular, a perda de peso, as relações interpessoais, o treinamento para competições, entre outros, são alguns dos motivos que têm levado as pessoas a procurar cada vez mais as academias (Rocha & Pereira, 1998; Saba, 1999; Carvalho & Hirschbrush, 2000). De acordo com Saba (1999), São Paulo concentra hoje o maior número de academias de ginástica da América do Sul. Também na população, em todas as faixas etárias, cada dia mais se percebe o grande interesse pelo exercício físico. Assim, tal interesse não é apenas de atletas, mas daqueles que buscam a atividade física para promoção e manutenção da saúde para o bem estar, visando benefícios estéticos ou simplesmente integração social (Rochelle, 1998)
Apesar da grande preocupação dos freqüentadores de academias em buscar uma nutrição ideal e adequada ao tipo de treino, a falta de conhecimentos, os hábitos alimentares inadequados e a influência dos treinadores e da mídia são os principais fatores que os levam a utilizar suplementos nutricionais e a adotar um comportamento alimentar nem sempre capaz de atingir os objetivos esperados. No que diz respeito ao acompanhamento nutricional, Araújo & Soares (1999), realizando pesquisa nas academias de Belém – PA, verificaram que a maioria das academias desta capital não conta com o nutricionista em seu quadro técnico e que a utilização de suplementos nutricionais decorrem das indicações feitas por pessoas ou profissionais não habilitados, sem o devido respaldo técnico para esta conduta.
Considerando o grande número de pessoas que freqüentam academias, praticando principalmente musculação com o objetivo de aumentar a massa muscular e tendo em vista que este é um grupo de risco principalmente relacionado a alimentação e suplementação, torna-se necessário conhecer melhor os hábitos alimentares desta população, bem como as principais recomendações nutricionais para freqüentadores de academias.
PERFIL DOS FREQÜENTADORES DE ACADEMIAS
O público freqüentador de academia ou centro de fitness é um público seleto, economicamente ativo que se preocupa com fitness e qualidade de vida. Torna-se, por isso, bastante suscetível ao apelo de marketing de produtos e a modismos alimentares, treinadores, familiares e da mídia, aos quais sofrem grande exposição (Carvalho & Hirschbrush, 2000).
Rocha & Pereira (1998), analisando freqüentadores de academias de ginástica, demonstram que grande parte desta população se constitui de indivíduos menores de trinta anos, profissionais liberais, prestadores de serviços ou estudantes. Esta população procura a academia de ginástica principalmente com finalidades de condicionamento físico, hipertrofia muscular e emagrecimento.
De acordo com Saba (1999), o ambiente das academias favorece a disseminação de padrões estéticos corporais estereotipados. Muitos indivíduos acreditam que permanecer em jejum ou consumir grandes quantidades de proteínas é a melhor forma de perder peso. No entanto, a massa muscular é normalmente perdida com o jejum prolongado, e principalmente com a prática de exercícios, além da adaptação metabólica, com redução de uso calórico, podendo então resultar em uma maior deposição de gordura e ganho de peso mais rápido após retornar a dieta normal.
De acordo com Carvalho & Hirschbruch (2000) a maior parte dos freqüentadores de academias de São Paulo tem entre 18-35 anos, sendo que a maioria pretende aumentar massa muscular, adquirir condicionamento físico, perder peso e diminuir a adiposidade corporal. Grande parte freqüenta a academia por razões de saúde ou ainda por razões sociais. Pode-se observar que o perfil paulista se assemelha aos demais centros urbanos brasileiros. A maioria dos freqüentadores de academias pesquisados por Saba (1999), tanto homens quanto mulheres, praticam exercícios físicos por 60 minutos, 3 vezes por semana. Uma grande parcela pratica exercícios 5 vezes por semana, e o período preferido para a prática de exercícios físicos é a noite.
Ziegler et al (2002) que estudou freqüentadores de duas academias em Santa Maria (RS) constatou que 20,7% praticam somente musculação e 77,7% várias modalidades. O tempo predominante de permanência é de 1 a 2 horas (71,1%) com freqüência semanal superior a 4 vezes para 65%. O principal objetivo de treino é o de hipertrofia muscular para 17,2% ,e definição muscular para 8,6%.
Perfil alimentar dos freqüentadores de academias
Souza (1993), em trabalho realizado com freqüentadores de academias em Fortaleza, mostrou que os resultados apontaram falhas na prática alimentar, através de dietas desbalanceadas observadas em grande número, contribuindo assim para uma ingestão com excesso ou deficiência de carboidratos, proteínas e lipídios. Evidenciaram ainda quase que um total desconhecimento sobre nutrição básica, pois os atletas demonstram dificuldades em identificar os alimentos fornecedores dos macronutrientes, bem como sua função no organismo.
Cuvello (2002), confirma estes resultados com adolescentes mulheres que não consumiam a quantidade de calorias estimada para suprir a demanda energética e nem de carboidrato; já em relação a ingestão protéica, lipídica e de vitamina C foram elevadas. Além disso, cerca de 43% dos freqüentadores de academias já se envolveram em alguma dieta para perda de peso, a maior parte deles (65%) é do sexo feminino e 37% já fizeram 6 vezes ou mais. Ziegler et al (2002) também confirmou em seu estudo a alta ingestão de proteínas em 91,4% dos entrevistados.
Utilização de suplementos
Um estudo realizado em academias de Niterói e São Gonçalo no Rio de Janeiro mostra que 32% dos freqüentadores de academia fazem uso de suplementos (Brasil, 1998). Geralmente, o grupo mais vulnerável a este consumo de suplementos é jovem do sexo masculino entre 20 e 30 anos praticante de várias modalidades esportivas, entre elas a mais comum é a musculação. Segundo outros dois estudos de Carvalho & Hirschbruch (2000) e Pereira (1999) cerca de 30-40% dos freqüentadores de academias de São Paulo consomem suplementos, sendo que destes, aproximadamente 15% consomem mais de um suplemento. O usuário tem entre 20 a 35 anos, sendo a maioria do sexo masculino.
Segundo Carvalho & Hirschbruch (2000) o grupo que pratica musculação é, em geral, o que mais consome suplementos, sendo que a maioria procura o ganho de massa muscular, a complementação alimentar e a reposição de energia (Rocha & Pereira, 1998). Dentre os suplementos nutricionais utilizados pelos freqüentadores de academias, constata-se que há um maior consumo de produtos com composição predominante em aminoácidos e proteínas em 60,7% dos usuários (Carvalho & Hirschbruch, 2000). Segundo Pereira (1999), a maior parte dos usuários de suplementos de uma academia de São Paulo (31%) toma suplementação por indicação de instrutores, professores ou treinadores sendo que apenas 11% por prescrição de nutricionistas. Um estudo comandado por Batista et al (2001), com desportistas freqüentadores de uma academia de Santa Catarina constatou que 65,5% dos desportistas usuários de suplementos receberam orientação sobre o uso de suplementos, sendo a maior parte também fornecida pelos instrutores da própria academia (85%). Santos (2002), que realizou outro estudo em uma academia de Curitiba também constatou que 64% dos freqüentadores faziam uso de algum tipo de suplemento, com predominância dos hiperprotéicos. A maior parte deste grupo também relatou ter recebido informação de instrutores de academia, vendedores de suplementos e amigos.
O fato da minoria dos usuários de suplementos de freqüentadores de academias procurarem orientação de nutricionistas pode ser explicado pela grande discrepância entre os objetivos dos nutricionistas (alimentação saudável) e os objetivos imediatos do atleta ou esportistas em uma academia (desempenho/estética) podendo determinar o vínculo entre atletas, treinadores e aqueles que oferecem conselhos nutricionais menos convencionais (Grandjean, 1993).
Fonte: RGNutri
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